Carros híbridos ou 100% movidos a bateria parecem ainda estar longe do mercado de massa. Mas na opinião de John Viera, diretor global de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Ford, isso é apenas uma questão de tempo
John Viera, diretor global de Sustentabilidade e Meio Ambiente da Ford, admite que os carros verdes não vão liderar as vendas de veículos novos tão cedo, mas afirma que representarão uma parcela significativa. “Até 2020, entre 10% e 20% dos veículos novos vendidos pela Ford serão híbridos ou elétricos. Atualmente, esse porcentual é de 2%”, afirmou.
O executivo aposta que os preços vão cair. Basicamente por dois motivos: o desenvolvimento de novas tecnologias e a alta do preço do petróleo, que irá continuar. Viera também acredita que o modelo de produção de etanol no Brasil serve como referência para o mundo todo e pode ser exportado, já que é uma importante alternativa aos combustíveis fósseis.
Pergunta: Os carros híbridos e elétricos ainda representam uma parcela muito pequena do mercado. Qual a perspectiva para o futuro?
John Viera: Acreditamos que nos próximos 20 anos deixaremos gradativamente para trás os veículos movidos a diesel e gasolina devido ao preço do petróleo, que vai continuar subindo. Além disso, tem a questão ambiental, que a cada ano se torna mais severa. Até 2020, entre 10% e 25% dos veículos novos vendidos pela Ford serão híbridos ou elétricos. Atualmente, esse porcentual é de 2%. Os números do mercado em geral são muito próximos dos nossos.
Pergunta: Até lá esses carros terão preços competitivos em relação aos movidos a gasolina, diesel ou etanol?
Viera: Hoje, em média, os veículos híbridos custam entre 10% e 15% a mais que os tradicionais. Já os elétricos custam bem mais caro, entre 75% e 100% a mais. Os elétricos custam muito, sim, mas precisamos introduzi-los no mercado agora para, com o tempo, ir aperfeiçoando a sua tecnologia e, assim, reduzir seu custo.
Pergunta: Os preços devem recuar quanto até 2020?
Viera: A diferença entre os carros híbridos e os tradicionais deve ficar em menos de 10%. Com relação aos elétricos não sei dizer. Mas com certeza os preços também vão recuar. Além disso, essa diferença tende a diminuir porque os carros movidos a derivados de petróleo ficarão mais caros, já que as novas normas de emissões, cada vez mais exigentes, fazem com que sejam necessários investimentos tecnológicos custosos também nesses modelos.
Pergunta: Mas o consumidor estará disposto a pagar mais por esses carros?
Viera: Como o preço do petróleo continuará subindo, o consumidor estará mais disposto a fazer a conta do custo-benefício. Ele vai perceber que, em muitos casos, é vantajoso comprar um carro mais caro para ter um custo de consumo de combustível menor ao longo do tempo.
Pergunta: O senhor acredita que em dez anos teremos infraestrutura suficiente para abastecer esses veículos com energia elétrica?
Viera: Acho que sim. Essa questão é muito debatida hoje em países da Europa, nos Estados Unidos, na China e em vários outros lugares. Mas mesmo que entre 10% e 25% dos carros novos sejam elétricos, ainda serão poucos comparados à frota total, que inclui todos os veículos em circulação. Por isso não acredito que as empresas de energia elétrica terão dificuldade em fornecer energia suficiente para recarregá-los. Não acredito que isso será um problema.
Pergunta: O plano da Ford é concentrar a produção desses veículos nos Estados Unidos?
Viera: Com relação aos carros híbridos, acredito que eles podem ser produzidos em qualquer lugar do mundo, porque eles foram desenvolvidos com base em modelos já existentes e em plataformas globais. Por isso, esses modelos híbridos podem ser produzidos na mesma linha de montagem que a versão a gasolina, permitindo muita flexibilidade de ajustar a produção conforme a demanda. Não há nenhum impedimento técnico dessa produção conjunta. Se houver demanda por veículos híbridos no Brasil, por exemplo, eles poderão ser produzidos aqui também. Com relação aos carros elétricos, não tenho certeza se eles poderão ser produzidos em qualquer lugar. Em 2012 estaremos fabricando esses veículos nos Estados Unidos e na Europa. Em dez anos, com certeza também estaremos produzindo-os na China, porque a China terá uma grande demanda por carros elétricos.
Silvana Mautone
veiculos@opovo.com.br
AGÊNCIA ESTADO
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